Série animada do produtor executivo Colin Trevorrow foca no público infantil e com seus easter-eggs pode agradar aos fãs jurássicos.
A primeira temporada tem alguns enredos que caminham paralelamente. O primeiro deles é o principal, a exploração da ilha acompanhada da busca dos campistas em sobreviver em meio aos dinossauros soltos. Aqui a série consegue entregar boas cenas de ação e aventura ao telespectador e também apresenta novos cenários e aprofunda um pouco em espécies de dinossauros que foram pouco aproveitadas no cinema, como é o caso do Carnotauro. A ação é muito bem conduzida e há sempre a sensação de insegurança para com os personagens.
Já o segundo enredo principal que a série desenvolve é a busca por desvendar segredos do parque - este plot é liderado pela personagem Brooklynn, uma youtuber que usa de seu senso de curiosidade para explorar locais e documentos secretos do Dr. Henry Wu. Quem acompanhou o primeiro e segundo filmes da nova trilogia, sabe que Wu tinha coisas obscuras guardadas, então a jornada dos personagens nesse enredo faz bastante sentido ser explorada, e trás revelações importantes que podem ser até mesmo explorada por filmes futuros da franquia, já que o showrunner da série, Scott Kreamer, confirmou em entrevista que os eventos da série animada são cânone dos filmes.
O terceiro e não menos importante enredo abordado pela série é um mais intimista, mas que é muito importante para o desenvolvimento dos personagens - a relação com a perda. Na série, é revelado que o pai de Darius faleceu antes da viagem de Darius à ilha, algo que permeia durante toda a série, e que agrega muito ao roteiro e rende cenas com alta carga dramática - capazes de emocionar até mesmo adultos, que não são o público-alvo da série. Além de Darius, todos os outros personagens da série precisam lidar com uma perda em determinado ponto da história, então esse é um tema importante e que mostra a coragem que a série teve em abordar um assunto tão delicado para o público infantil.
Entre estes 3 enredos, se tivesse só o primeiro, Acampamento Jurássico seria somente mais uma série animada infantil pouco relevante. Porém, os outros dois agregam um valor a mais para a animação, tornando-a não só um prato cheio para crianças, mas um bom entretenimento para adultos - principalmente os fãs da franquia cinematográfica.
Após todos os pontos positivos acima colocados, há de se colocar alguns negativos, que embora possam ser relevados pelo público-alvo da série, acabam prejudicando a experiência de adultos ao assisti-la. O primeiro deles é a qualidade do CGI dos personagens da série - é perceptível a qualidade inferior das expressões faciais quando comparado a produções cinematográficas da DreamWorks Animation - Como Treinar seu Dragão é um exemplo. Em uma era em que as produções televisivas têm se igualado às cinematográficas em nível de produção, era de se esperar que uma série de uma franquia tão importante como Jurassic World tivesse esse nível - como acontece com Star Wars em The Clone Wars (2008-2020), por exemplo. O que se salva são as animações dos dinossauros, que são muito bem feitas, assim como os cenários da ilha.
No quesito trilha sonora, há de se dizer que não há identidade nela. Não há nenhum novo tema que soe minimamente impactante aos ouvidos de quem já ouviu John Williams em Jurassic Park e O Mundo Perdido, Michael Giacchino em Jurassic World e Reino Ameaçado e até Don Davis em Jurassic Park III. Mesmo trilhas de jogos, como Jurassic Park: The Game foram superiores à série animada.
Se a primeira temporada de Acampamento Jurássico conseguiu desenvolver a história do ponto A ao B, a segunda temporada leva do ponto B ao B. Não há praticamente evolução nenhuma na história contada na segunda temporada em relação ao fim da primeira. Até mesmo o plot que havia sido deixado solto para o segundo ano é mal aproveitado e agrega pouco na história.
Infelizmente, a segunda temporada não só carrega os erros da primeira, como também consegue errar também em boa parte do que o primeiro ano conseguiu fazer bem. As exceções se dão por alguns lapsos de boas cenas de ação e das referências à franquia - que os fãs mais atentos devem perceber e aproveitar.
Jurassic World: Acampamento Jurássico não chega a ser um prato cheio para os fãs, mas digamos que é um prato em que há bastante comida, mas faltou o tempero. Na segunda temporada, o prato que já não tinha tempero, ficou com a comida pela metade. Analogias com pratos de comida à parte, dá pra dizer que, como um todo, a série agrega sim à franquia e deve conseguir atingir seu objetivo principal - angariar uma nova legião de fãs, preparando o terreno para a chegada de Jurassic World: Domínio, terceiro filme da nova trilogia cinematográfica.
Dá pra dizer que esse objetivo principal da série foi atingido, já que nas semanas seguintes ao lançamento das 2 temporadas, ela foi presença constante no Top 10 da Netflix aqui do Brasil e de vários outros países. Esse foi, inclusive, o motivo da Netflix e da DreamWorks Animation terem se apressado tanto em fazer uma 2ª temporada - lançada apenas 8 meses após a series premiere. Já diz o ditado: a pressa é inimiga da perfeição.
1ª Temporada:
2ª Temporada:
Após uma 2ª temporada abaixo da primeira, dá pra esperar que o 3º ano de Acampamento Jurássico terá, ao menos, uma grande novidade que agregará ao cânone da franquia: um novo dinossauro híbrido. Veja no trailer abaixo:
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