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quarta-feira, 2 de julho de 2025

Crítica | Jurassic World: Recomeço

De volta às origens. Jurassic “raiz”. Essas são algumas frases que podem definir Jurassic World: Recomeço. Depois de 3 filmes na década de 1990-2000 (trilogia Jurassic Park), mais 3 filmes na década de 2010-2020 (trilogia Jurassic World) e uma das franquias mais famosas e bem-sucedidas da história do cinema (mais de US$ 6 bilhões em arrecadação nos cinemas), chegamos ao sétimo longa da saga jurássica, que e é lançado apenas 3 anos após Jurassic World: Domínio, que foi mal-recebido pela crítica especializada, apesar de ter sido um sucesso de público, chegando à marca importante de US$ 1 bilhão nas bilheterias globais. Nesse contexto, Recomeço realmente foi idealizado para trazer novos ares à franquia. Mas será que conseguiu? O filme resgata a essência que fez a franquia jurássica tão amada? Vamos ver.

Um ponto importante: temos aqui o que pode ser considerado um soft reboot. Ou seja, embora tenha uma nova história com personagens totalmente novos, também é uma continuação da história contada na trilogia Jurassic World, já que os acontecimentos dos filmes anteriores não são ignorados - há menções, mesmo que sutis, ao fato dos dinossauros terem se espalhado pelo mundo - trama explorada por Jurassic World: Reino Ameaçado (2018) e Jurassic World: Domínio (2022). Também há menções sobre o parque original de Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros (1993).


A história de Recomeço, escrita por David Koepp (mesmo roteirista dos dois primeiros filmes da saga), gira em torno de uma jornada em busca do DNA das três maiores criaturas vivas no planeta. O Mosassauro, o Quetzalcoatlus e o Titanossauro. Essas criaturas, assim como todos os dinossauros vivos, se concentraram mais próximos da linha do equador, lugar do planeta atual cujo clima mais se assemelha ao da época em que os dinos viveram, há 65 milhões de anos.

Essa jornada é financiada por Martin Krebs (Rupert Friend), um representante de uma empresa farmacêutica que diz estar em busca de uma cura para doenças cardíacas, o que só seria possível com o DNA daquelas criaturas gigantes acima citadas. Para tal missão, ele convoca a mercenária Zora Bennett (Scarlett Johansson) e o paleontólogo Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey). O parceiro de Zora, Duncan Kincaid (Mahershala Ali) também se junta à expedição e, juntos, eles vão até a Isle Saint-Hubert, o que os fãs já estão apelidando de “Sítio C”, local que o filme descreve como sendo o P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para o parque original. As piores coisas que não poderiam ir para mostra no parque ficaram lá. Incluindo uma criatura macabra mutante chamada de Distortus Rex (D-Rex).


No meio da expedição, a expedição de coleta se torna uma expedição de resgate quando um chamado de mayday é ouvido no rádio e Duncan toma a decisão de ajudar uma uma família que fica à deriva no mar após um ataque inesperado. A família é composta por Reuben (Manuel Garcia-Rulfo) e suas filhas: a menor Isabella (Audrina Miranda), e a mais velha Teresa (Luna Blaise), que, a contragosto de seu pai, trouxe seu namorado Xavier (David Iacono) para a viagem em família.

O filme conta com cenas de ação e terror muito bem arquitetadas, gerando uma sensação de urgência e risco a todo o tempo, algo há muito tempo perdido na franquia. Logo no prólogo, temos a introdução do Distortus Rex, um monstro mutante bizarro, em uma cena bem tensa e assustadora. Essa sequência já dá o tom do que será o restante do filme. Outra cena de destaque é a cena em que o Mosassauro ataca o barco da família Delgado. Várias referências a Tubarão (1975). Outro momento marcante do filme é o T-Rex atacando a família no rio enquanto eles tentam fugir com um bote. Essa é uma cena que foi adaptada pela primeira vez do livro Jurassic Park (1990), de Michael Crichton, e que muitos fãs dos livros Jurassic sempre sonharam em vê-la adaptada.


Falando dos personagens, um ponto negativo fica por conta do desenvolvimento deles. Foram quase todos muito rasos. Fiquei negativamente surpreso pela personagem de Scarlett Johansson que teve pouquíssimo aprofundamento durante a história. Apesar do bom elenco, o roteiro os sacrifica em detrimento da ação e intensidade constante do filme. O único que se salva é o personagem de Mahershala Ali, que consegue entregar emoção nas [poucas] cenas em que tem destaque. Nem mesmo na família Delgado, que tinha muito potencial para ter personagens mais interessantes, você vê profundidade. A filha mais nova, Isabella, fala 1 frase o filme inteiro. Isso acaba gerando desconexão com os personagens e, nas cenas em que eles correm perigo, isso contribui para uma diminuição na preocupação de quem está assistindo.

Na parte de efeitos visuais, o filme se mostra bem competente, aplicando CGI de forma fluida e gerando imersão na história. Destaque para o T-Rex na cena do rio, que além de ter um modelo perfeito, tem movimentos muito críveis. A “artificialidade” criticada na trilogia World dessa vez é bem reduzida ao passo que os animais (e monstros) tem movimentos mais pesados que são mais factíveis aos olhos de quem está assistindo. Isso gera mais imersão e tensão, principalmente nas cenas de ação (que são muitas).


A trilha sonora de Jurassic World: Recomeço é marcada pelo tom emotivo das composições de Alexandre Desplat, que mistura as suas músicas com a trilha sonora original de John Williams e traz boas trilhas de suspense e terror nas cenas mais tensas. Entre as suas músicas originais, eu destaco a "Opening Lab" do início do filme. Ele também utiliza a trilha de Williams em momentos certos, com destaque para a faixa "Dino Spectacle" da trilha. Eu diria que, em comparação aos filmes anteriores, Desplat é menos original do que Michael Giacchino (que fez a trilha da trilogia World), mas conduz bem a trilha do filme.

A fotografia do filme assinada por John Mathieson, aliada ao design de produção de James Clyne, levam o filme ao tom mais sério e, em alguns momentos, mais sombrio, assim como a direção de Gareth Edwards procura. As novas locações na Tailândia dão um tom de grandeza ao filme e traz ares novos, depois de anos com filmagens somente no Havaí nos filmes anteriores da saga.

Para os fãs que assistiram aos seis filmes anteriores, essa sétima parte se assemelha muito a O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997) e a Jurassic Park III (2001). E também conta com elementos do primeiro filme. Por isso, disse no começo desta crítica que é uma volta às origens. Trama focada 100% na ilha, na floresta, muitas cenas de terror e tensão. Você sente o perigo iminente de um ambiente hostil o tempo inteiro. O roteiro de David Koepp e a direção de Gareth Edwards foram capazes de trazer de volta esses elementos que estavam há muito tempo adormecidos na franquia idealizada por Steven Spielberg e Michael Crichton.

Não é uma obra-prima do cinema, longe disso. Mas nem é isso que este filme pretende ser. Ele só quer ser um Jurassic na sua forma pura. Ele quer te fazer sentir tensão, sentir medo e ficar imerso no meio daquela ilha desesperado pra sair dela. E nesses pontos, Jurassic World: Recomeço é um bom entretenimento para a família e é um retorno às origens que deve agradar aos fãs da saga.

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